24.3.07

Exit


I hope the exit is joyful and I hope never to return ...- Frida
E foi assim que te vi, sentado na mesma cadeira de sempre, com fios e mais fios na mão, olhos sem tanto brilho, mas feliz. Eram quase duas horas da manhã e você ainda estava acordado.
Depois, fiquei sabendo que na verdade, você dorme e acorda várias vezes, o tempo todo.
Conversamos, e foi tão bom... Você me contou estórias, eu te contei o que estava fazendo, a gente sorriu... e percebi o quanto gosto de você. Claro, isso eu já sabia.
Mas, hoje de madrugada, enquanto jogávamos conversa fora, me bateu, assim como um caminhão em alta velocidade: o quanto eu gosto de você... o quanto você foi, é, e será, importante para mim.

Estou escrevendo e você acordou. Olhou aqui dentro do quarto e sorriu, bem rápido. Andando com passos bem lentos, mas seguros, sabendo aonde vai.

É tão bom estar aqui, de volta, lembrando daquelas coisas pequenas que a gente acha que esqueceu... lembrar dos almõços barulhentos, com todo mundo correndo de um lado pro outro, lembrar das caminhadas que a gente fazia até a locadora para alugar filmes antigos, as vezes que você cuidava da gente lá em casa, as broncas que você dava quando a gente era chata com a mamãe... nossa, viajar pelo túnel do tempo é dolorido.
Geralmente as melhores memórias fazem o coração dar pulinhos de alegria, mas quando ele volta ao lugar certo, acho que o salto machuca esse órgão tão importante... explicações falsamente científicas à parte, sei que dói.

Vou indo, preciso terminar de ler um livro (puramente para ampliar meu vocabulário), fumar um cigarro, beber água, ver você dormindo por um pedacinho, trocar de roupa, ajeitar a cama, beber um pouco de guaraná e, só por mais um pouquinho, ver você dormir...
assim...
como se ainda estivéssemos conversando... jogando papo fora...
assim...