Trincar...
Foi bem baixinho, por debaixo das cobertas, com o ar ligado... nem deu pra ouvir direito... mas quebrou. Virou para o lado, tentou ignorar (enfim, mais uma vez) aquele trincar, que mais parecia vidro-porcelana-daqueles-bem-delicados.
Agora foi, desta vez foi pra valer. Trincou e, quando ela decidiu levantar pra fazer xixi, sentiu que se partira. Mais uma vez seu coraçãozinho estava quebrado. Não, não era mais um momento de ficar triste. Quem sabe uma pequena lamentação. Deu vontade de catar os pedacinhos, um por um, tentar colar de volta daquele jeito que só mulher sabe fazer. Mas não, desta vez era realmente diferente. As peças, eram muitas. A aflição não terminara. Depois de tantas idas e vindas, finalmente se foi.
E foi pra melhor - e foi?
Fez xixi, lavou o rosto, reparou nas marcas de rímel que agora formavam manchas pretas ao redor dos olhos, prestou atenção ao seu redor e pronto. Foi suficiente. Sabia que, não importava quanto dela havia ficado ali, ao lado da cama, ela mesma ainda estava inteira -ou quase; pelo menos inteira o suficiente pra ir devagarzinho pra baixo das cobertas, desligar o despertador e dormir. Em paz.
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