Pé na bunda ... ou nada
Lágrimas. Não, desta vez não iria enfiar-se embaixo do chuveiro e chorar. Porque esconder? As piores coisas que ouviu foram dela mesma, então de nada adiantaria segurar com pensamentos contentes a verdade. Não adiantaria segurar as lágrimas. Dias de muito caos foram responsáveis pelo súbito descompasso de sua vida, e finalmente era chegada a hora de chorar. Finalmente. Palpitações que invadiram seu corpo, do dedinho do pé até a ponta do nariz a fizeram tremer. Parecia que, de uma hora para outra, algo iria acontecer e ela iria chorar. E nada. Nada daquelas tão ansiosamente aguardadas lágrimas salgadas. De vez em quando ela até tentava, mas via que, ao contrário das pessoas que choravam até em comercial de margarina, as lágrimas que ela possuía só faziam acumular. E nada. Eis que, de repente, como tudo na vida, uma ação desencadeiou várias reações e, mesmo sem entender, sua vida virou caos, e a normalidade deu um pé bem no meio da sua bunda. Isso mesmo, assim, bem de uma vez, chutando-a pra bem longe do conforto que traz insensibilidade no dia-a-dia. E nada.
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