11.6.07

Tranças

E foi assim que a menina que tinha tudo para ser feliz, continuava triste. Em cima de seu castelo, supostamente plena de felicidade, ela não conseguia sorrir de verdade. ... sem entender e sem saber o porquê, ela continuava assim, triste. Não aquela tristeza boa, que se resolve com o tempo, mas um sentimento infindável, sem explicações e, pior de tudo, desprovido de causa ou cura mágica.

Não, não adiantou ganhar roupas tecidas com fios de ouro, brincos delicados de rubis nem ter todos os seus desejos realizados. Faltava alguma coisa, e isto ela não sabia o que era.

Sem entender nada, muito menos a si mesma, a menina continuava ali, em cima de seu castelo, olhando o mundo passar rápido, fazendo tranças e fazendo planos.
Chorava. Mas só de vez em quando. Aprendeu com o tempo que as lágrimas não resolveriam seus problemas e, além disso, não via nos problemas que tinha motivo para desperdiçar lágrimas.

Tudo passava lá em baixo, tão rápido, um ritmo mecânico de vai e vem que parecia nunca chegar até ela. E ela continuava ali, sozinha, esperando para ver o que aconteceria, o que finalmente poderia vir e tirá-la do estado letárgico em que se encontrava.

Não, não estava falando de principes encantados que chegariam cavalgando belos animais - desses já havia desistido faz tempo. Esperava aquele não sei o quê acontecer ou chegar, aquele não sei o quê impossível de determinar até que ele chegue ou aconteça.

E ela continuava lá em cima, sem esconder um incauto nervosismo e se perguntando, entre uma trança e outra, "e se não chegasse nunca?"