12.6.07

Me perco, e me acho...


Me perco entre os versos que não consigo fazer,
as palavras que não consigo dizer
transfiguradas entre uma situação e outra

Me acho em migalhas de afagos,
entre situações inesperadas que acontecem
enquanto me desfaço e me faço em planos
que nunca acontecem como previ


Me tranformo em água
e é assim, na liqüidez dos dias que me faço
e no concreto do chão me lasco

Me conformo com a fala entalada
com a mágoa que mata
aos poucos como o punhal de Othelo

Me escondo de olhares que não olham,
criticam
sem entender nem dizer nada

Me assusto com a correria do desconcertado desconhecido
que me passa pela rua sem lembrar
de quando me beijou a boca com vigor
do último suspiro que deu antes de partir

Me afasto para esconder do mundo
a fragilidade e a impessoalidade que meu sorriso esconde

Me mostro o rosto fronte ao espelho
"o anel que tu me destes era vidro e se quebrou
o amor que tu me tinhas era pouco"

Me perco e me acho em eternos labirintos de letras
que engasgam na minha garganta já ferida
e machucam meu estômago
cheio de ácido pueril

e me perco,
e me acho...