Me perco, e me acho...
Me perco entre os versos que não consigo fazer,
as palavras que não consigo dizer
transfiguradas entre uma situação e outra
Me acho em migalhas de afagos,
entre situações inesperadas que acontecem
enquanto me desfaço e me faço em planos
que nunca acontecem como previ
Me tranformo em água
e é assim, na liqüidez dos dias que me faço
e no concreto do chão me lasco
Me conformo com a fala entalada
com a mágoa que mata
aos poucos como o punhal de Othelo
Me escondo de olhares que não olham,
criticam
sem entender nem dizer nada
Me assusto com a correria do desconcertado desconhecido
que me passa pela rua sem lembrar
de quando me beijou a boca com vigor
do último suspiro que deu antes de partir
Me afasto para esconder do mundo
a fragilidade e a impessoalidade que meu sorriso esconde
Me mostro o rosto fronte ao espelho
"o anel que tu me destes era vidro e se quebrou
o amor que tu me tinhas era pouco"
Me perco e me acho em eternos labirintos de letras
que engasgam na minha garganta já ferida
e machucam meu estômago
cheio de ácido pueril
e me perco,
e me acho...
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