e eu fingi entender tudo que você dizia quando na verdade eu já havia me perdido. mas não foi por querer, é que toda vez que fecho os olhos eu penso em milhões de coisas, pequenas partículas que se amontoadas não constróem sequer um minuto.
mas mesmo assim eu tento escutar, e entender, e compreender e fazer sentido das palavras que saem da tua boca. mas não, não consigo.
mil vidas se passam bem na minha frente, um elefante azul, uma nuvem amarela, as contas que eu ainda não paguei, os filmes que precisam ser devolvidos, as roupas que comprei para usar um dia, as bonecas que sempre sonhei ter e que hoje já não fariam sentido na prateleira.
e enquanto isso você continua despejando verdades, sorrateiro essa coisa de "verdades", não é? Existe um referencial quando você fala as suas? E eu devo escutar e tomar para mim só porque elas vêm de você?
Vamos parar um pouco. Eu preciso respirar. Preciso ouvir o tempo, sentir o vento, molhar a brisa e mergulhar em algo gelado - o mar, talvez?
... e só então, talvez, eu possa parar e te escutar mais uma vez. escutar, talvez. ouvir, não.